De acordo com Leonardo Siade Manzan, a tecnologia blockchain, originalmente desenvolvida para viabilizar criptomoedas como o Bitcoin, está encontrando aplicações em diversas áreas da administração pública, inclusive na gestão tributária. Blockchain é, em essência, um banco de dados distribuído e imutável que registra transações de forma transparente e segura. Ao ser implementada nos sistemas fiscais, essa tecnologia permite que registros de transações tributárias sejam armazenados de forma auditável e inviolável.
De que forma os contratos inteligentes funcionam no contexto fiscal?
Conforme elucida Leonardo Siade Manzan, contratos inteligentes são programas autoexecutáveis que rodam em blockchain e obedecem a regras pré-definidas, sem a necessidade de intervenção humana após sua ativação. Na administração tributária, esses contratos podem ser programados para calcular tributos automaticamente com base em transações comerciais e transferir valores de forma imediata para os cofres públicos.
Por exemplo, em uma venda realizada por uma empresa, o contrato inteligente pode calcular o imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS), deduzir o valor automaticamente e enviá-lo ao governo no ato da transação. Essa automação reduz a complexidade dos processos, evita erros humanos e aumenta a conformidade fiscal, já que o recolhimento de tributos se torna praticamente automático.
Como a blockchain pode aumentar a transparência fiscal?
Um dos grandes desafios das administrações tributárias é garantir a transparência em um sistema que frequentemente é visto como opaco tanto pelos contribuintes quanto pelas autoridades. A blockchain, por sua natureza pública (em muitos casos), oferece uma solução poderosa: todos os registros inseridos podem ser visualizados por partes autorizadas, auditados em tempo real e verificados quanto à autenticidade.

Segundo Leonardo Siade Manzan, isso reduz significativamente as possibilidades de manipulação de dados por contribuintes ou servidores públicos. Além disso, ao permitir o rastreamento completo do ciclo de vida das obrigações fiscais — desde o fato gerador até o recolhimento —, a blockchain permite uma gestão mais confiável, transparente e alinhada aos princípios de accountability.
Que benefícios os contratos inteligentes oferecem para os contribuintes?
Para os contribuintes, especialmente empresas que operam com grandes volumes de transações, os contratos inteligentes oferecem um alívio considerável na complexidade da gestão tributária. Eles automatizam cálculos, previnem inconsistências em declarações fiscais e evitam multas decorrentes de erros involuntários. Além disso, garantem previsibilidade e segurança jurídica, uma vez que as regras tributárias estão programadas no código e executadas de forma objetiva.
Apesar dos benefícios, a adoção de blockchain e contratos inteligentes na administração tributária enfrenta desafios significativos, pontua Leonardo Siade Manzan. A primeira barreira é tecnológica: muitos órgãos fiscais ainda operam com sistemas legados e infraestrutura desatualizada, o que dificulta a integração com tecnologias emergentes. Outro desafio é jurídico — a legislação tributária precisa ser compatibilizada com a lógica automatizada dos contratos inteligentes, o que exige reformas legais e regulatórias.
Em suma, para Leonardo Siade Manzan, o futuro da administração tributária com blockchain e contratos inteligentes aponta para um sistema altamente automatizado, transparente e em tempo real. Governos poderão contar com informações mais precisas e atualizadas, permitindo uma gestão proativa da arrecadação. Ao mesmo tempo, os contribuintes terão processos mais simples, seguros e previsíveis, promovendo um ambiente de maior confiança entre Estado e sociedade.
Autor: Arkady Ivanov