O sonho americano sempre foi uma meta desejada por muitos brasileiros, que buscam novas oportunidades e melhores condições de vida para si e suas famílias. O visto EB-2 NIW se apresenta como uma solução atraente, prometendo a oportunidade de residência nos Estados Unidos sem a necessidade de um empregador. Para profissionais qualificados, a possibilidade de conquistar o green card através do mérito individual é um convite tentador. No entanto, o que muitos não sabem é que esse processo pode se transformar em uma verdadeira armadilha, onde as promessas de uma imigração simples e justa caem por terra diante de negativas arbitrárias e de um sistema sem transparência.
Apesar da teoria sugerir que o visto EB-2 NIW premia as habilidades excepcionais de um profissional, a prática é bem diferente. Muitos candidatos acreditam que, ao atender aos critérios exigidos, terão uma chance justa de aprovação. No entanto, o que se revela é um sistema de análise que não garante imparcialidade. A decisão sobre a concessão ou não do visto depende de um avaliador, muitas vezes sem qualificação jurídica, que decide de maneira subjetiva, sem a necessidade de seguir um padrão objetivo. Isso cria uma incerteza constante, onde mesmo os melhores perfis podem ser rejeitados sem uma explicação coerente.
A falta de uma explicação adequada para as negativas é um dos maiores problemas enfrentados por quem investe tempo e dinheiro nesse processo. O USCIS, órgão responsável pela análise das petições, não é transparente sobre os critérios utilizados pelos seus oficiais para chegar a uma decisão. Isso significa que muitos candidatos, mesmo com documentação completa e atendendo aos requisitos, acabam sendo rejeitados sem saber exatamente por quê. Esse comportamento gera um grande sentimento de injustiça e frustração, principalmente quando o profissional em questão tem uma qualificação que, em teoria, deveria ser suficiente.
No entanto, as armadilhas não param por aí. A atuação de advogados que se dedicam a esse tipo de processo muitas vezes contribui para o engano. Muitos advogados, ao invés de preparar seus clientes para a realidade do sistema, preferem alimentar falsas esperanças. Ao garantir que a aprovação é quase certa, esses profissionais criam expectativas irrealistas, sem alertar sobre os riscos reais que envolvem a análise subjetiva das petições. Isso faz com que o cliente se sinta seguro e otimista, até que a negativa chega, quebrando o sonho que havia sido cuidadosamente planejado.
O aspecto financeiro é outro ponto crítico nesse processo. As taxas envolvidas, os custos com traduções juramentadas, os honorários dos advogados e as taxas de petição podem facilmente ultrapassar dezenas de milhares de dólares. Para muitos, esse é um investimento significativo, feito com a esperança de que será revertido em uma vida nova nos Estados Unidos. Porém, quando a negativa chega sem justificativas claras, o peso financeiro se torna ainda mais difícil de lidar, já que o investimento não traz o retorno esperado.
Além do impacto financeiro, o processo de imigração também pode afetar emocionalmente os candidatos. A insegurança gerada por um sistema que não oferece garantias de sucesso pode se transformar em ansiedade e desesperança. Muitas vezes, os candidatos não sabem como lidar com uma recusa ou como reagir diante da frustração de ter dedicado anos à construção de um dossiê, apenas para ser rejeitado sem explicações claras. Esse cenário leva muitos a questionar se o processo de imigração realmente é justo e baseado em critérios consistentes.
Outro ponto importante é a falta de recursos eficazes para contestar uma negativa. Embora existam recursos legais, o processo de reanálise é longo e, muitas vezes, sem garantias de que a decisão inicial será revista. Essa falta de uma abordagem mais transparente e justa no sistema de imigração contribui para o crescente número de brasileiros desiludidos, que acabam desestimulados a continuar com seus planos de imigração. O que deveria ser uma chance de realizar um sonho se transforma em uma jornada sem rumo e sem retorno.
Em muitos casos, os brasileiros que buscam o visto EB-2 NIW acabam sendo vítimas de um sistema que prioriza a subjetividade sobre a objetividade, criando um ambiente no qual o sucesso é determinado por fatores que vão além da qualificação e mérito do candidato. A falta de uma explicação clara sobre as negativas, combinada com a ineficácia do processo de recurso, coloca os imigrantes em uma posição vulnerável e desprotegida. A promessa de uma imigração justa e acessível se desfaz diante da realidade de um sistema imprevisível e falho.
Autor : Arkady Ivanov