A tradição e a resistência do Cavalo Crioulo são elementos que, conforme o empresário e fundador Aldo Vendramin, ajudam a compreender por que essa raça se tornou um símbolo cultural e produtivo no Cone Sul. Com raízes que remontam aos tempos da colonização espanhola e portuguesa, o Crioulo carrega séculos de adaptação ao ambiente, desempenhando papel crucial na lida do campo e em competições de alto desempenho.
As origens na Península Ibérica e a chegada à América
A história do Cavalo Crioulo começa na Península Ibérica, onde os colonizadores selecionavam animais robustos, ágeis e adaptáveis para suportar longas jornadas. Esses cavalos, de origem principalmente andaluza, foram trazidos ao continente americano a partir do século XVI. De acordo com Aldo Vendramin, os primeiros exemplares chegaram ao território que hoje corresponde à Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil, tornando-se parte essencial da vida rural e militar nas regiões de campo aberto.
Adaptação e resistência no pampa sul-americano
Soltos no ambiente do pampa, os cavalos passaram por um intenso processo de seleção natural. Apenas os mais resistentes, capazes de suportar condições climáticas adversas, escassez de alimento e longas distâncias, sobreviveram e se reproduziram. Segundo frisa Aldo Vendramin, essa resistência genética é uma das principais características que tornaram a raça tão valiosa para o trabalho no campo e para as provas de resistência que hoje são marca registrada do Crioulo.

Reconhecimento e formalização da raça
O reconhecimento oficial da raça Cavalo Crioulo começou a ganhar força no início do século XX. Clubes e associações dedicados ao registro genealógico e à padronização das características raciais foram criados, estabelecendo critérios rigorosos para garantir a pureza e a qualidade dos animais. No Brasil, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) foi fundada em 1932 e desempenha até hoje um papel fundamental na preservação e promoção da raça. Assim como destaca Aldo Vendramin, esse trabalho institucional foi determinante para consolidar o Crioulo como um patrimônio nacional.
Características físicas e temperamentais
O Cavalo Crioulo é conhecido por sua estatura média, corpo musculoso, peito largo e membros fortes. Sua pelagem pode variar bastante, mas sempre apresenta brilho e resistência. Quanto ao temperamento, trata-se de um animal dócil, inteligente e extremamente obediente, características que o tornam versátil para diversas funções, desde a lida com o gado até o desempenho em provas esportivas e apresentações culturais.
O Cavalo Crioulo nas provas de resistência
As provas de resistência, como a Marcha de Resistência e o Freio de Ouro, são competições que demonstram a força, a resistência e a habilidade do Crioulo. Nessas disputas, os animais percorrem longas distâncias ou executam tarefas que exigem precisão e rapidez. Conforme indica Aldo Vendramin, essas provas não são apenas competições esportivas, mas também uma forma de preservar e valorizar as qualidades originais da raça.
Importância econômica e cultural
O Cavalo Crioulo não é apenas um patrimônio genético, mas também um ativo econômico e cultural. Criadores, treinadores e competidores movimentam uma cadeia produtiva que envolve leilões, eventos, turismo rural e a comercialização de produtos e serviços especializados. Além disso, o Crioulo é presença constante em festas tradicionais, desfiles e atividades campeiras, reforçando a identidade cultural das regiões onde é criado.
Preservação e futuro da raça
O trabalho de preservação do Cavalo Crioulo envolve não apenas a manutenção das características físicas e temperamentais, mas também o estímulo à sua criação de forma sustentável. Programas de melhoramento genético, registros oficiais e incentivo à participação em eventos ajudam a garantir a continuidade da raça. A integração entre tradição e tecnologia, por meio do uso de ferramentas modernas de manejo e controle reprodutivo, é uma das estratégias para fortalecer o futuro do Crioulo no Brasil e no exterior.
A história e a origem do Cavalo Crioulo revelam a trajetória de um animal que combina resistência, inteligência e uma ligação profunda com a cultura do campo. Sua jornada, desde as planícies ibéricas até os pampas sul-americanos, moldou não apenas sua genética, mas também seu papel como símbolo de identidade e tradição. Preservar essa raça é manter viva uma herança cultural e produtiva que atravessa gerações, reafirmando seu valor para o presente e para o futuro do agronegócio e da cultura rural.
Autor: Arkady Ivanov